quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Certos e Errados

Texto elaborado para educação infantil

Juquinha morava em uma cidade chamada Honestidade, com apenas sete anos, estudava na 2ª série de uma escola bem pequena. Gostava das aulas e tinha boas notas, porém, não era o mais comportado da turma.

O dia do Juca começava cedo, com sua mãe pedindo que ele levantasse, pois ele nunca acordava na hora certa. Chegava sempre atrasado, em qualquer lugar que fosse. Pois, costumava ficar até muito tarde da noite lendo. Por sinal os olhos devoravam tudo o que lhe caia as mãos: livros, revistas, gibis, jornais.

Dono de um hábito engraçado e irritante às vezes. Quando lia algo novo logo desejava contar para todos que encontrava. Assim, acabava por atrapalhava a sua mãe, o seu pai e até a empregada em seus afazeres. Para ele o mais importante naquele momento era “todos deviam escutar as suas histórias por sinal, era um excelente contador de história, às vezes aumentava, mas era bom.

Na ultima sexta feita, Juca foi para escola de ônibus, pois dormiu demais. Para entrar no ônibus acabou por cortar a fila, pois, atrasado como sempre teve que aprontar mais uma das suas artes.

Mas, antes de chegar à escola entrou uma velhinha no ônibus, a senhora ficou em pé ao seu lado, este sem pensar duas vezes levantou e cedeu o seu lugar para está senhora que ficou encantada com a educação do menino. Mas, já lhes adianto, está história deu pano para manga. Todos tiveram que escutar por mais de vinte vezes o seu ato de bondade.

Ennis Cláudio Araujo

terça-feira, 13 de setembro de 2011

“Mestre não é quem ensina, mas aquele que, de repente, aprende”. Ruben Alves




Este texto é parte de um discurso de formatura realizado em 2009. Tive como base uma palestra do Frei Beto, “Projeto sempre um papo”, que acontecia sempre no teatro da Caixa em Brasília. Postei o vídeo por que não seria honesto não mencionar a fonte e muito menos privar a todos de ouvirem tão bela palestra
Vivemos em um tempo de mudanças, enquanto que, os nossos pais viveram em mudanças de tempo. Explico: vivemos com as coisas que mudaram na época dos nossos pais (Fr. Betos). No período de deles foram criadas as redes virtuais-internet, celular, cartão de crédito e tantas outras coisas que se tornaram febre modernas. Assim lamento em vos dizer: O que é aprendido hoje,  pode não lhes servir para nada. Por isso, sem inteligência, de nada lhes adiantará o conhecimento adquerido ao longo da vida.

Tomás de Aquino disse a seguinte frase: “A razão é a imperfeição da inteligência” (Fr.Beto). Muitos aqui são filhos de pais inteligentes, que sem estudo ou possuindo formação precária possibilitaram os filhos  chegarem onde eles não tuveran oportunidade de chegar. Digo inteligentes com base na origem da palavra “inteligência” – ler por dentro, enxergar o que não foi revelado. Reconhecer a realidade e saber qual decisão tomar: este sim é um exercício da inteligência. De nada adiantará o conhecimento se este não lhe possibilita saber qual a fórmula matemática a ser usada, que o verbo pronunciado esta errado, após ter sido pronunciado. Agir inteligentemente é trabalho cotidiano da mente. E isso, seus pais fizeram a cada dia. E graças a eles vocês alcançaram o sucesso hoje.
Vocês devem ser inteligentes, pois o mundo existente aqui, cercado por estes muros, não existe ao crruzarem este protão. Lá fora as coisas são diferente. Vivemos em tempos de mudanças onde o mundo não é o que parece. Não existem mais as famílias que os nosso professores nos apresentaram. Muito menos o estado, a escola, a religião que lhes ensinaram.
Mas, digo existe sim. Um mundo, onde vocês devem construir as vossas famílias, ocuparem os seus lugares na sociedade, aprenderem e ensinar os seus filhos. Existirá um modo de expressar a sua religiosidade, pela qual agradeceram a Deus por tudo que Ele lhe fez. E isso não poderá ser feito como no passado.
Usar a inteligência é mais ou menos assim: são 26 letras com as quais, com um pouco de paciência, escreveremos obras semelhantes à de Machado de Assis ou Guimarães Rosa (Fr. Beto). E saiba conhecimento para tal tarefa vocês receberam ao longo dos anos antes mesmos entrarem pelos portões desta academia.
Posso afirmar, que com delicadeza, atenção e esforço conseguirão misturar as 26 letras na panela gigante que é o mundo, usando uma colher que mal conseguiram segurar. Lembrem-se, a primeira regra do mundo é respeitar todos os que estão a sua volta. Desejo que ao saírem daqui busquem viver de modo inteligente, aonde haverá uma valorização ética e que exalte a sua consciência e o espírito. Deus lhes abençoe.
Aos mais jovens, que ainda continuam em conosco a cumprir as diversas etapas que seguem, exorto com carinho. Vocês entrarão no período de maior importância de suas vidas. Tudo que ocorrer daqui para frente marcará vossas vidas. Saibam que o mundo perdoa quando há dificuldade em aprender ou dificuldade em alguma disciplina especifica. Mas lhes afirmo: o mundo não perdoa quando somos injustos, preguiçosos, irresponsáveis ou desonestos. Por isso, nesse período, sejam inteligentes e não desperdicem ou decepcionem aqueles que a todo custo lhes oferecem oportunidade de serem melhores.
Oportunidades que eles mesmos não tiveram. Que Deus lhes acompanhe e que vocês hajam sempre com verdade e humildade. Pois foi assim que o nosso modelo maior agiu. Jesus Cristo, ao ser questionado por Pilatos sobre o que é a verdade, nada respondeu. Por humildade, penso. Ele poderia ter dito: “A verdade sou Eu”, pois não encontramos em Jesus nenhum pensamento que divergisse de sua postura e de sua missão (Fr. Beto). De modo misericordioso, solícito e simples, ele passou toda sua vida fazendo o bem e doou sua vida. Por isso, com certeza Jesus é Verdade, “e mesmo que alguém prove que Ele é uma grande mentira, continuarei ao seu lado”Dostoievski (Beto). Pois não há outro modo de construirmos um mundo melhor a não pela e com a Verdade. Deus nos abençoe.
Fr. Ennis Araujo



Faça uma lista



O meu texto preferido para o inicio de conversa. Amo ver a cara de "ESPANTO" dos alunos

Disse um filosofo “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”, talvez seja por isso que encontra se tantas dificuldades para definir Filosofia. Mas, de uma coisa tenho certeza filosofia é uma forma de ver aquilo que ainda não foi visto; de sentir os odores ainda não exalados; de falar do indizível, ou encontrar o que não se espera achar ou que ainda não está perdido. A palavra filosofia em sua mais original pronuncia tem o significado de “Amor pela sabedoria”. Um amor que cresce a cada dia, como a esperança que se alimenta por alguém que amamos. Na verdade uma paixão, paixão pelo conhecimento; primeiro de si, depois pelo conhecimento do mundo, da nossa existência. Fruto e origem da nossa própria história.
Fazer uma lista de coisas antigas é visualizar a nossa origem, é perceber o que foi Amor ou o que foi Paixão. Na filosofia buscamos um conhecimento eterno, verdadeiro e completo. Mas, isso parece impossível, os conhecimentos ou saberes às vezes perdem sentidos ou são esquecidos por mais importante que sejam. O saber da filosofia tem que ganhar vida, ou seja, tem que se concretizar. Na filosofia a expressão “O desvelar do ser” tão usado nos discursos existencialistas, não é mero arroubo de conceitos, ou pelo menos não deve sê-lo.
Não é possível compreender o saber filosófico com parâmetros matemáticos, como algo quantitativo, mas, como algo bem humano onde o dia anterior não é apagado pelo o hoje e será completado pelo amanhã.
Fazer uma lista de coisas antigas é visualizar a nossa origem, é perceber o que foi Amor ou o que foi Paixão. Na filosofia buscamos um conhecimento eterno, verdadeiro e completo. Mas, isso parece impossível, os conhecimentos ou saberes às vezes perdem sentidos ou são esquecidos por mais importante que sejam. O saber da filosofia tem que ganhar vida, ou seja, tem que se concretizar. Na filosofia a expressão “O desvelar do ser” tão usado nos discursos existencialistas, não é mero arroubo de conceitos, ou pelo menos não deve sê-lo.
Não é possível compreender o saber filosófico com parâmetros matemáticos, como algo quantitativo, mas, como algo bem humano onde o dia anterior não é apagado pelo o hoje e será completado pelo amanhã.
Fazer filosofia é rebelar-se contra toda mediocridade, ou seja, . sair da média. Ver um pouco do mundo não visto. Devolver o desejo as pessoas de sonharem, de resistirem a toda opressão. Dar banana aquilo que não está claro. Mas, não permitir que o não entendido não seja um desafio ao exercício da mente. A filosofia não deve mudar os pensamentos, deve mudar a vida a existência, o sentido do ser. Descobrir o essencial. Durante as nossas vidas busquemos fazer uma lista do que é essencial para Bem vivê-la.

Sejam bem vindos ao “Mundo da FILO-SOFIA” Ennis Araujo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Como queria ter brincado!. Parte I


Este texto nasceu de uma crônica no período da faculdade de Jornalismo...

Véspera do dia das Crianças, nove da noite, alguém me pergunta: como foi sua infância? De que você brincava quando criança? Você sente saudades? De que modo você resumiria a sua infância? Fico pensando horas, e resolvo responder a partir da última pergunta.
Se fosse possível resumir o período de infância, escolheria a seguinte frase: “Imaginação dos possíveis”. O que provoca outra pergunta – “Por que imaginação dos possíveis?” Já que pensamos imaginação como tudo que acontece em meio a uma gama de coisas impossíveis de acontecer. Não adiantarei a resposta, mas deixe-me relatar um pouco da minha infância e assim, quem sabe, poderemos encontrar justificativas para esta definição.
Desde os anos mais tenros da minha vida, já estava a guiar os mais diversos e coloridos veículos que passaram pelas minhas mãos. Não sei quantos foram os caminhões de areia, de gado, de madeira e pedras que transportei. Sei que às vezes entregava terra vermelha no sul do Brasil e em poucos minutos, já estava a receber uma carga de pedras, logo ali nos Estados Unidos. Era só dar a volta em um grande monte de terra estacionado bem a frente de minha casa.
Vejo que não são diferentes as história das nossas infâncias com a historia da vida humana. Assim, como roda foi talvez um dos maiores inventos da humanidade. Foi graças às rodas que muitas brincadeiras foram possíveis. Voltando aos carros que tive ao longo da minha infância, é quase impossível imaginar de onde brotava tanto combustível. Alguns dos meus veículos eram movimentados de forma braçal a prova de sol, água, frio, e calor. Para que funcionassem, bastava uma superfície um pouco plana, em qualquer posição.
Traduzindo, algumas vezes qualquer canto de parede, sala, rua, mesa, telhado, porta de geladeira, era suficiente para construir uma cidade e gerar um engarrafamento que não se resolveria tão cedo. Estes carrinhos eram mais simples, feitos de plásticos, de madeira, de metal ou papel. Eram simples de serem manuseados, além do que eram os mais baratos.
Outro modo de conduzir os meus diversos veículos era por meio de barbante. Estes exigiam pistas um pouco melhores. As quais se tinham todo cuidado de preparar. Muitas das vezes havia mais diversão na construção das pistas do que na condução dos veículos. Recordo-me de uma pista feita de giz no asfalto. Na verdade, pista era pretexto para a construção de uma cidade.
Ali haviam postos de gasolina, padarias, casas, prefeituras, policiamento e até ladrão de veículos. Já dito, todos os carros conduzidos por um fio de barbante: de uma ponta o condutor, de outra o pequeno veículo, uma frota variada de pequenos caminhões a grandes fusquinhas. Digo grandes fusquinhas, porque me lembro de amigo que tinha um fusca amarelo maior do que muitos caminhões cegonha.
Posso dizer que foi por meio das rodas que passei a minha Infância. Ainda vi chegarem outros tipos de veículos com outros combustíveis como à pilha, fricção e a corda. Mas estes, dirigi muito pouco, primeiro pelos custos, depois pela fragilidade e por fim por que eram um tanto autônomos.
Algo importante da minha infância era a capacidade que tinha de trocar de profissão: acordava soldado e dormia piloto de avião. Durante o dia era professor, médico, jogador de futebol, padre, pai, veterinário, cantor, artista de cinema e principalmente cientista maluco. Ah. Esta era a profissão que mais gostava. Não podia ver um vidro de remédio ou uma caixa de comprimidos, que já queria criar uma fórmula milagrosa que resolvesse todos os problemas da humanidade.
Às vezes a fórmula para ficar invisível e invadir o supermercado ou entrar no banheiro das meninas. Em outros momentos, algo que fizesse crescer como um gigante bem forte e assim poder bater em todos, ou uma fórmula que ao apanhar da minha mãe não sentisse dores. Servia também uma fórmula que me deixasse tão pequeno que ninguém me encontraria. Nem com muito esforço conseguiria lembrar quantos grilos, besouros, borboletas e formigas foram mortas, na tentativa de criar um monstro que crescesse e obedecesse as minhas ordens destruíndo todas as pessoas que eu não gostava.
Na minha fase de “Da Vinci”, desmontei televisões, liquidificadores, rádios e ferros de passar, na tentativa de consertar e criar um aparelho que pudesse falar com extraterrestre. Também, tive a fase de jogador de futebol. Embora não seja flamenguista, queria ser como o Zico. Não durou muito essa fase. Pois, logo descobri que não tinha talento para tal coisa. Na verdade, não descobri; avisaram-me logo nos primeiros dias, embora tivesse insistido por alguns anos. O convite “vamos jogar bola parecia às vezes piada, por que de bola mesmo só me vem à mente um gordinho que ficava sempre no gol.
Explico, que na falta de bola, qualquer coisa que rolasse servia. Tinha de tudo: bola de papel, de meia, de plástico, caroço de abacate e caixas de papel. Caixas de Papel?! Sei que vão achar estranhos, mas, apesar de serem quadradas, eram as preferidas da gurizada. Quem, nãos e alegrou chutando uma caixa de papel pela rua?
O futebol era a brincadeira mais democrática da minha infância se jogava em quaisquer dois metros quadrados de largura e as nossas queridas Havaianas se tornavam desde traves e marcação de linhas laterais até outras mil utilidades. Vão me dizer que vocês nunca, usaram as suas famosas havaianas como luvas de goleiro enfiadas pelos dedos das mãos?
Lembrando de improvisos, quem nunca formou dois times um de camisa e outro sem? Sendo da geração anos oitenta, não poderia deixar de citar a queda do famoso Ki-chute para as coloridas chuteiras “Biribol”. E do surgimento da bola de couro e o declínio da bola “Dente de leite”. Esperada por muitos no dia das crianças.
Os anos oitenta possuíam uma característica singular: foi o período que podemos chamar de "avanço tecnológico dos brinquedos" invadiu o mundo infantil. Além dos carrinhos de controle remoto, bonecos e bonecas que acendiam luzes e falavam, não dá para esquecer dos famosos vídeo-games Atari e Super-Game, coisas reservada à classe média e tão aspirado pelas classes mais pobres.
Uma tela colorida com alguns barulhos nos envolvia em frente à televisão horas a fio. De um lado da casa, minha mãe dizendo “eu já ouvi falar que esta coisa estraga a televisão”. Não sei até hoje se é mito ou verdade. Mas, o que importa e que adultos viraram crianças em frente À tela e as crianças se portavam como adultos na disputa pela chance de jogar.
Quanto aos jogos, não eram muito diferentes um dos outros. Alguns quadradinhos azuis ora eram naves, ora eram carros. Um risco preto era possível ser desde uma bomba até a chave para próxima fase. Era enorme o esforço de imaginar que uma coisa em forma de losango era um carro de corrida, mas todos enxergavam, e aí de quem não enxergasse.
Talvez, tenha sido por isso que um jogo tosco de nome “River Raid” tenha se tornado a alegria dos viciados. Um jato bem definido percorria a tela de baixo para cima, destruindo navios e helicóptero, e às vezes tendo que abastecer. Mergulhavam todos em novo universo de imaginação e disputa.
Agora sim, Posso dizer por que defino a minha infância como “Imaginação dos possíveis”. Todos aqueles brinquedos eram reais e de algum modo me colocavam em contato direto com aquela realidade a imaginada. Tem uma musica do jardim da infância que é mais ou menos assim – Da abóbora faz melão/ do melão faz melancia/ da abóbora... Faz doce sinhá. Faz doce sinhá Maria...
Essa musica aponta que as relações imaginativas não vêm do nada, mas de uma serie de semelhanças. Gostaria que alguém convencesse uma criança que um cabo de vassoura é impossível de ser espingarda, cavalo, espada e violão. Com certeza será mais difícil o cabo de vassoura voltar a ser um simples cabo de vassoura do que a criança vê-lo como um instrumento mágico de mil utilidades.
Por isso, que ao me perguntarem “Do que você brincava quando criança?”Eu respondo prontamente “De nada”, pois estava muito ocupado a criar meus brinquedos e acho que não tive tempo de Brincar.

Ennis Aráujo.