domingo, 18 de dezembro de 2011

Um País em Pedacinhos.



Era uma vez um grande país que tinha o nome de Pedacinho, onde governava o rei “Pensando Bem”. O Rei Pensando Bem era herdeiro da família “Grandes Idéias”. Uma família famosa por seus feitos. Quantas coisas não foram feitas pelas Grandes Idéias. Porém, nos últimos anos, o Rei Pensando Bem vinha sentindo muito sozinho, pois, o seu país era gigantesco, tão grande que quando acontecia algo de um lado ele era sempre o último, a saber.

Esta situação deixava o rei muito triste, o que levou a fazer aquilo que ele mais gostava de fazer “Pensar”. Ficou ali sentado dias e dias, como não conseguiu resolver o problema sozinho pediu ajuda a seus familiares . Então, dirigiu-se ao Palácio das Grandes idéias. Ao chegar ao palácio, o rei encontrou a mais velha de suas irmãs, Princesa Comunicação. Sabia o rei que teria ela muitas coisas para lhe contar. Pensando Bem passou o dia inteiro a escutar as histórias de Comunicação.

O prolongando tempo de partilha foi o suficiente para atrair a Duquesa Diversidade. Diversidade. Aliás, a Diversidade gostava de andar por todo Pedacinho e por ser amiga da princesa Comunicação dava-lhe sempre as ultimas noticias do país. Mas, embora a Comunicação fosse a mais velha ela não era nada boba , antes de espalhar as noticias que a duquesa Diversidade lhe contava procurava informa-se melhor com os suas outras três irmãs – A embaixatriz Necessidade, a Juíza Senhora Verdade e a Baronesa Bondade. Que pouco a pouco aproximaram desta maravilhosa partilha. Naquele dia choveu, trovejou , fez sol, os pássaros cantaram aconteceu tanta coisa que é quase impossível dizer.

E logo o rei Pensando Bem se deu por conta que estava a muito tempo longe de do seu Castelo e logo sentiriam sua falta. Mas, ele ainda não sabia como resolver o problema ao qual o levará ter com suas irmãs “Como fazer para que de modo eficaz os decretos e leis alcançasse todo o reino”. Despediu-se de suas irmãs desolado por não haver encontrado a solução.

Porém, a dirigir-se com para casa e lembrar de tarde tão festiva ao lado de suas irmãs: a princesa Comunicação, a duquesa Diversidade, a embaixatriz Necessidade, a Juíza Verdade e a baronesa Bondade. Percebeu o quanto demorou a sua visita quantas coisas interessantes falaram, como brigaram, discordaram; fizeram as pazes. De repente o rei Pensando Bem, abriu um longo sorriso, suspirou aliviado; havia encontrado a solução.

O rei Pensando Bem lembrou que o sobrenome de sua família era Grande Idéia, então logo ele deduziu ás grande idéias não brotam da noite para o dia. Estas são fruto de muito esforço, ou seja, é necessário se comunicar, diversificar os nossos ambientes, observar as necessidades daqueles que estão a nossa volta. Estar atento para fazermos coisas boas e sermos verdadeiros em nossas atitudes. Assim o Rei Pensando Bem viu que para que as Grandes Idéias chegassem a até O País em Pedacinho era necessário que elas percorressem um longo caminho. Ou seja, nada grandioso se conquista, faz, revela-se da noite para o dia.

Ennis Aráujo

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Estamos presos ou aprisionados?


(trecho do livro Cidade Esperança)

Então Fortuna olhou para torre da Igreja e perguntou.

- Mas, aqui estamos. E me pergunto onde está a nossa casa? Para onde iremos quando isso acabar.

Lia, naquele momento percebeu que Estevão tinha certa razão em sua loucura. O mundo não havia se auto destruído. Havia ainda pessoas vivas espalhadas pelo mundo. E que a qualquer hora o período de refugiados teria fim e seria necessário que tomassem a própria decisão ou alguém tomaria por elas.

As duas amigas caminhavam pelos corredores do mosteiro e partilhava aquela situação de sobreviventes um cataclismo ainda sem explicação..

- Fortuna, muitas das vezes as pessoas após grandes tragédias mudam de cidade para se afastarem das lembranças ruins que povoam os pensamentos. Nos com certeza daqui a pouco seremos as próximas

- Sim, mas para onde? O que sobrou do mundo. Em qual destes lugares não existe destruição O que resta para que mesmo assim, ainda exista esperança? o que levaremos? O que é nosso? O que será das outras pessoas? Uma vida tranquila este era o desejo de cada um antes de acontecer tudo isso? Falava Fortuna, embargando a voz.

A forte estrutura de pedra e organização continua calcada no silêncio do mosteiro foi interrompido pela doce voz de Lia. Ao contemplar a segurança oferecida pelo mosteiro.

-Este é um lugar que gera em nos esperança. Imagina quantas pessoas não estarão caminhando como baratas tontas por essa cidade. Muitas delas chegam aqui e cessa-se o medo a angustia, a fome e recobram a esperança. E você com este questionamento. Parece um insulto.

- Lia essa é a função desse lugar ser refugio, lugar de repouso e abrigo a todos que estão desesperados. Mas, nem todos nasceram com vocação para viverem aqui. Para cada lugar uma missão. A cada missão um comportamento. Conseguiremos suportar por quanto tempo?

- Sim, mas acho super divertido as nossas reuniões as mesas. Nunca vivi aqueles momentos onde falamos do nosso dia, a onde alguém deixa o alimento preparado. As laranjas cortadas. E todos levantam ao mesmo tempo e se dirigem para cuidar da louça.

- Lia esse o cuidado que devemos ter com nossas famílias. Estas coisas não são novas para mim. Sou de uma cidade bem pequena aonde o barbeiro conhece o homem que vende verduras, a donas de casa sabe quem é a mãe do fulano e se torna responsáveis pelo menino que brinca com o seu filho.

-Nossa como é diferente de onde nasci. Sempre fiquei imaginando como era sem graça morar em uma cidade do interior a onde todos se conhecem todos. Lembra-me um filme muito a antigo chamado “O Show de Truman[1]” Já assistiu?

- Sim, já ouvi falar. Um filme em que mostra a vida de um homem que é controlado pela TV.

-Sim como a vida da interior tudo acontece do mesmo jeito. A menina da esquina que tem que casar com o garoto de óculos da casa verde. A rua de cima que briga com a rua de baixo. A menina mais bonita da rua não dá bola para ninguém e comumente é a mais rica. Tem sempre uma velha chata, um bêbado louco, uma menina que engravida e torna-se mau exemplo para todos. Gosto de ver aquela realidade e imaginar se a minha vida pudesse ser congelada e todos os dias reparar algo.

-Lia você imagina que a sua vida foi algo livre e autônomo. Pois penso o contrário talvez você tenha sido uma das pessoas mais presas, não por culpa sua, mas pela ilusão que já conhecia tudo.

- Como assim não entendi? Resmunga Lia sentindo-se insultada.

- Quando você me falou do “Filme o Show de Truman” lembrei-me quando cheguei a Londres. Era uma metrópole. Eu uma escandinava das casinhas de mesma cor. Por causa do meu tamanho alguns dizem que eu parecia aquele bonequinho “Lego” com andar de robô e olhos enormes. Explicava Fortuna.

- Olhando bem, até que parece. Brincou a amiga

Fortuna seguiu dizendo:

- Quando cheguei àquela cidade percebi como o as minhas amigas que já moravam lá algum tempo compravam roupas, vestidos e sapatos da moda. Às vezes só mudava a cor ou o tipo de material. Mas mesmo assim elas tinham que comprar. Em uma semana era xadrez o tecido em alta em outra não. Na verdade uma prisão de falta de identidade, ou poderia dizer que a falta de identidade era não ter identidade.

- Mas, é isso nos desejamos não ser aprisionados. Por isso o desejo de não ter rótulos O filme questiona esta manipulação. Tentou explicar Lia com um leve sorriso.

Fortuna foi direta em suas palavras, sem chance para a amiga se defender:

- Acorda no filme que está presa é você. Não o personagem, Na verdade o personagem é o primeiro a se libertar. Você já se imaginou todos os dias ligar a TV, para ver alguém fazer a mesma coisa. E o mais interessante é que ele não sabe o que está acontece. Mas, você sabe. E quer me dizer que ele está preso.

Fortuna recapitulou algumas parte do filme para a amiga cosmopolita

— Pela manhã você compra o cereal, o carro, o cortador de grama, a TV, a última temporada. E você quer me dizer que o personagem é que está preso? Faz-me rir, fico imaginando quando era criança meu pai cuidando das vacas no celeiro. De um lado meu pai pensava

– No próximo aniversário farei um ótimo churrasco.

E do lado de lá das cercas pensava as pobres vacas:

- Ainda bem que o temos para trabalhar por nos!



[1] O Show de Truman, O Show da Vida (The Truman Show / EUA, 1998 – 103 minutos) Jean Carey faz o papel de um corretor de seguros, que vive em uma espécie de programa de televisão. Ao quais milhares de pessoas assistem. Direção: Peter Weir.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Professor um alimentador de Sonhos...



Estava àqueles velhos amigos do maternal, primário, ginásio, médio! Nem, mais chamamos assim, porém, haviam retornado a pequena cidade de interior de nome “Miúda”, tão pequena que o nome era este mesmo. Voltavam para ser homenageado Juliano, físico, que fazia parte do grupo de acelerador de partículas. Alberto, Químico, criador de um componente orgânico durável, resistente e não poluente e por fim Gabriel, professor, colaborava com projetos sociais na África.

Após apresentação da real importância do acelerador de partícula. Tudo o que poderia ser alcançado com aquele experimento: avanços na comunicação, em energia e na saúde. Todos da pequena “Miúda” olhavam aquilo como um sonho grande demais para tão pequena cidade.

O prefeito da Cidade chamou então Juliano e lhe entregou um belo troféu e concluiu dizendo.

- Com esta pesquisa apresentaste “Miúda” ao mundo.

Logo em seguida Alberto começa enumerar a grande destruição em virtude da exploração da madeira; o inúmero acúmulo de plástico por todo o meio ambiente, o desperdício de ferro e metais que aumenta a cada dia. Será solucionado por este material desenvolvido graças a sua resistência, maleabilidade e principalmente pelo fato de ser biodegradável permitira que cidade como a nossa pudesse desenvolver projetos de infra-estrutura admirável.

Do mesmo modo, o prefeito de “Miúda” dirigiu-se a Gabriel e lhe entregou um troféu a pedir que lhe concedesse uma salva de palmas, pois, com aquele gesto todo o povo de “Miúda” havia despertado para realidade do mundo atual.

Por fim, Gabriel aproximou-se de todas as pessoas que estavam ali sentados e distribuem-lhes algumas fotos que trazia fotos de pessoas com certa desnutrição, roupas simples, alguns sentados círculos outros em fila indiana e como espadas empunhavam canetas as quais como que em um corte certeiro cortavam algumas folhas brancas. Estas folhas eram tão brancas que refletia a imagem do rosto de cada um daqueles que ali estavam sentados, um tanto inquietos. Os rostos refletidos formavam como que uma espécie de bandeiras refletindo uma alegria inexplicável. Em cada face brilhavam os olhos que de tamanho brilho conduzia a todos a sonhos nunca imagináveis. Mas, que em virtude de tudo que acontecia naquele ambiente era impossível que aqueles sonhos não teriam sido realizados. Ao fundo estava um homem, de roupa simples, com um olhar desafiador a empunhar um pedaço de giz que girava firmemente sobre um quadro não mais tão negro, pois em sua extensão estava escrito nitidamente - LIBERDADE.

Após, todos verem as fotos, aproximou-se o prefeito com lagrimas nos olhos e mãos tremulas a dizer.

Professor eu não sei como lhe agradecer, pois, mediante o seu exemplo acordaste o mundo, despertou as nações e por fim Ensinaste à pequena “Miúda a Sonhar”, pois sem sonhos nunca seriamos ninguém, pois. Continuaríamos a dormir na ignorância. Então querido professor Gabriel. Todos nós somos gratos, pelo seu oficio de nos “Ensinar a Sonhar”...

Aos meus amigos Professores aos quais partilho dessa tão saborosa missão.

Ennis Araújo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dedo nos olhos! Campanha de acessibilidade


A campanha sobre acessibilidade nos convida a refletir e mudar nosso comportamento sobre algo tão comum em nossa sociedade, “Acessibilidade ao mundo” embora cheguemos a pensar que é algo extraordinário, ou seja, somente aqueles que têm alguma necessidade especial. Diiscordo desta idéia. De maneira alguma penso que seja algo extraordinário; quem não tem deficiências atire a primeira pedra! Quem nunca precisou de uma ajuda?

Campanha pela acessibilidade ”, ou seja, um grito da Sociedade contemporânea; que ora pensa ser moderna às vezes passa por média, vive como antiga e continua a ser caduca... A campanha de acessibilidade e o mais belo gesto de dizer “Somos seres portadores de necessidades não tão especiais!”. E que bom que alguém pode reconhecer isto e cooperar comigo.

Este grito de liberdade neste momento chega até nos por que a sociedade está conseguindo olhar o mundo pela fresta porta da frente. Muitas das vezes as coisas chegam até nos por uma janela. E mais ainda, chegam por uma janela filtrada por pré-conceitos que se tornam conceitos e que mais ainda viram preceitos. Ou seja, não ver bem se torna sinônimo de não conhecer, não definir sons sinônimo de não comunicar; não andar é sinônimo de estabilidade.

Em minha formação filosófica não me identifiquei por completo com os filósofos empiristas. Mas gostaria de usar desta teoria como ponto teórico, para dar continuidade a esta reflexão.

O nosso corpo é um grande olho, uma grande boca, um grande ouvido, uma grande perna, uma grande mão, um grande nariz. Pois quando sentimos uma rosa, nossas mãos que a tocam, os olhos contemplam. As narinas inalam o seu odor, as nossas pernas nos conduziram. Portanto o acesso ao mundo é um gesto global de sentidos. E o mais incrível é quando debilitados de um sentido sofremos a divina potencialização de outro. Acredito que esse seria um ponto importantíssimo para compreensão da palavra portadora de necessidades especiais. A singular capacidade de tornar equivalente mesmo tendo a nossa totalidade subtraída. O que implica não dizer que somos melhores ou piores.

Alguns anos atrás assisti a um filme que encantador: (Janela da Alma de João Jardim e Walter Carvalho 2001) Um documentário que narra diversas pessoas com diferentes deficiências visiauis.

O filme “Janela da alma” com enfoque em pessoas que se vêem cegas dos olhos, friso de maneira absurda “Cegas dos olhos”, mas, não do coração. Pois, o coração representa a totalidade dos sentidos e dos sentimentos. Janela da Alma é o reflexo de pessoas que se vêem sem visão. Ou seja, a visão é construção social, e não dado da natureza. Podemos afirmar existem pessoas que vê muito pouco ou quase nada, mas, que enxergam muito e vice-versa.

Em um dos relatos do filme; Saramago nos diz “Quanta cegueira nas relações, quanto falta de visão nos projetos da humanidade, quantas trevas nos cinemas e nas ruas, quantos políticos que só vêem um palmo além do próprio nariz. E ainda nos chamam de cegos”. Talvez seja por isso que o cineasta Win Wendes, que também apresenta os eu testemunho no filme afirma preferir ver o mundo através dos óculos, ou seja, todas as coisas são enquadradas. Não que queira ele ver menos, mas, deseja ver melhor. Purificar sua visão. Quantas coisas não se deixaram de ver, por purificar mal o olhar.

Ver a realidade é cortar um pedaço do mundo e lançá-lo dentro de nossa mente; e ai “Salve-se quem puder!”. Pois, de nossas mentes a experiência não nos traz boas lembranças (Inquisição. I e II guerra, políticas de fome e morte). Somos convidados a ver o mundo por inteiro de corpo inteiro.

Ao escrever esta reflexão, Não há um desejo demagógico em transcender as questões de deficiências múltiplas do ser humano. Algo que nos leva em alguns momentos ser chamados de portadores de necessidades especiais. Mas, um desejo de salientar que o modo de vermos as coisas nos aprisiona. Não só aquilo que é permitido ver, mas, também o que se deseja ver.

Acredito que aderir a campanha de acessibilidade seja muito mais que dar condições as pessoas de fazerem ou realizarem as coisas por ela mesma. Mas, verdadeiramente dizer “Desejo que a sua experiência de mundo seja algo fantástico e prazeroso, mesmo quando sozinho ou com a colaboração de alguém.

Que bom que estamos colocando o dedo em um de nossos olhos e permitindo que sejamso ajudados por outros.

Ennis Araujo "Míope de nascença"

sábado, 8 de outubro de 2011

Alguém nasce Filósofo?!..




Será que nascemos propensos a Filosofia? Acho que algumas experiências pessoais confirmam-nos essa idéia. Em muitos casos , antes mesmo de saber que existia algo que se chamava “filosofia”, sentimo-nos atraídos pela vertigem das questões fundamentais da Vida: Por que as pessoas morrem? Por que algumas coisas são erradas e outras são certas? Como podemos ter certeza de que alguma coisa realmente aconteceu? Não conheço ninguém que não tenha, em algum momento, se colocado alguma dessas questões. Lembro-me da brincadeira dos Espelho: “Se colocar a frente do espelho e ficar aguardando que, ao sair de sua frente o nosso reflexo poderia continuar lá parado...” Alguns alunos dizem que nunca fizeram isso. Duvido! Se você já não fez?

O filósofo é justamente aquele que se sente especialmente “mordido” por essas questões. A ponto de dedicar-se a busca entendê-las e explicá-las. Filosofar é uma forma especialmente interessante de experimentar a liberdade. Poucas atividades intelectuais permitem explorar, com tamanha amplitude, as inúmeras possibilidades do pensamento. Filosofar é explorar os limites – da linguagem, do pensamento. Até onde podemos falar, conhecer, saber? Como é possível que falemos, conheçamos e saibamos alguma coisa? Sobre o que podemos falar, conhecer e saber? Enfim, filosofar é sentir-se estimulado a pensar sobre a totalidade dos problemas ou dos “não problemas”.

Essa liberdade que a filosofia proporciona faz com que seja ela uma atividade importante para a formação de qualquer pessoa. Procurada por profissionais das mais diversas formações – advogados, físicos, psicólogos, matemáticos, cientistas sociais e biólogos. Buscam ampliar suas perspectivas, às vezes limitadas pela necessidade cada vez maior de especialização em suas áreas.

Uma boa formação filosófica apresenta e promove duas grandes virtudes que de antemão parecem antônimas: flexibilidade e rigor. Um bom filósofo tem que ter um pensamento flexível: capaz de imaginar os prós e os contras de sua posição, de antecipar aos problemas e adaptar-se de acordo com a evolução dos argumentos questionamentos. Tem que ser flexível devido às questões filosóficas possuírem características importantes e interligadas. De uma questão ética. Ou seja, uma pergunta sobre: o que é certo e o que é errado? Passa-se para uma questão ontológica. Indagação que versará a respeito da existência e o modo de existir. O que nos remeterá a uma problemática epistemológica, “Será que verdadeiramente podemos conhecer aquilo que julgamos ser certo ou errado se ao menos somos incapazes de afirmar a existência. Não Acho que tal exercício da mente seja uma chuva cética, mas um movimento de elucidação de posturas, compreensão e apresentação da realidade. A Flexibilidade para encontra a Verdade nesta situação é imprescindível, pois si não pode haver afirmações de sentido dúbio.

Em relação à outra virtude exigida para uma boa formação filosófica é o Rigor. Relacionado de forma íntima com os argumentos e conceitos. Mesmo quando os filósofos pretendem se valer de outros meios, que não o argumento, busca de algum modo, seguir critérios de rigorosos na exposição de sua posição. Portanto a coerência nas exposições e clareza nos argumento dá vida e validade a uma discussão filosófica. A filosofia é essencialmente uma atividade conceitual ela busca apreender a experiência e apresentar (seja a experiência moral, epistemológica, estética) por meio de conceitos, que em si traduzem a essência do que se é pensado ou percebido.

Em parte, pode-se dizer que esta é a atividade essencial da filosofia: criar ou propor conceitos, ou seja, anunciar o que é essencial. O que proporciona uma melhor compreensão da realidade. De posse desses conceitos, dizem os filósofos, pode se viver agora essas experiências ou fenômenos (a experiência de decidir o que é certo, a experiência de conhecer, a experiência de reconhecer o que é belo) de mais profundo e refletido. Alias o termo reflexo, ou seja, projetar-se de modo a se comparar. Alusão ao espelho fez parte da missão de . Sócrates: “conhece-te a ti mesmo” convite escrito no pórtico de Delfos. O filosofo é aquele que tem a sua imagem logo a sua frente, não como modelo pronto, mas como matéria prima a modelar-se.

Quanto a fama de fama de “difícil” da filosofia. Não se pode concordar. A filosofia é, sim, exigente: exige um envolvimento sincero com as questões e uma forte resolução de continuar explorando-as. Quando o negócio é explorar os limites. Deve-se estar preparado para encontrar resistência. Mas, sem isso, jamais se saberá até onde é possível chegar.

Ennis Cláudio Araujo


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ou serás ordinário, ou torna-se- á ordinário!..

Reza a lenda, que havia um império de nome Cotidiano, ao qual era governado pelo imperador Ordinário. Esse não era nem muito alto nem muito baixo; nem muito claro nem muito escuro, tinha os olhos pequenos, mas, de olhar profundo; uma voz suave, clara e marcante, as mãos longas de dedos finos que quando acena para s pessoas cortava os céus demonstrando segurança e fortaleza. Como todo imperador tinha seus momentos de tristeza e alegrias. Ordinário tinha alguns conflitos que o acompanhavam quase todos os dias.

Havia no Império Cotidiano um grande reservatório chamado “Dique dos Problemas”, que acumulava litros e litros de água. Às vezes, parte desta água transbordava, e para evitar a inundações no “Cotidiano” foi criada a Guarda Imperial, divida em 1ª e 2º guarda e a Guarda de Elite. A Primeira Guarda, cujo comandante, oriundo de uma família muito popular no Império, chamava-se Major Quase - Sempre. A Segunda Guarda, responsável pela fiscalização da Primeira, tinha como comandante o General Ex-Atidão, um homem ranzinza, porém coerente. Passava horas conferindo o trabalho da 1º guarda. A cada cinco anos as duas guardas tinham os seus desempenhos avaliados e seus comandantes, mantidos no posto ou promovido e em algumas ocasiões, exonerado.

Esta Avaliação era realizada pela Guarda de Elite, comandada pelo Marechal Futurus-Projetus, um homem que parecia uma enciclopédia, pois reunia em torno de si várias informações, pesquisas e soluções. Não só era respeitado como buscava respeitar todos os que encontravam pelo caminho. Em alguns momentos parecia um chato, viajando na maionese enquanto a vaca ia para o brejo. O império tinha coisas mais importantes a serem relatadas. Mas, como gostamos de fofocas voltemos à guarda.

Todos os anos O Teste da Guarda era um evento que movimentava todo o Império. Misturava-se a esperança de promoção dos Comandantes da Guarda ou a exoneração devida alguma falha. Penso que instintivamente oscilamos na alegria do sucesso dos nossos pares e o êxtase de ver os nossos desafetos se dar mal.

O teste daquele ano aconteceria após um acontecimento terrível no Império Cotidiano: O “Dique-Problema” se rompeu, várias pessoas morreram e outras perderam quase todas as suas posses.

Quando tal tragédia aconteceu, a Primeira guarda, sob o comando do major Quase - Sempre, fechou a represa com troncos de árvores, areia e muita pedra, o que de certa forma segurou a força da água, dando tempo para que a população fugisse e fosse resolvido o problema da vazão. Enquanto isso, o General Ex-Atidão, rapidamente correu ao outro extremo da represa e vendo que ali não havia casas resolveu abrir uma fenda. Com essa idéia, ele conseguiria reduzir a força das águas, que escoaria de modo equivalente, conservando o trabalho realizado pelo Major Quase - Sempre.

No meio da confusão, todos se perguntavam: Onde está o Marechal Futurus-Projetus? O que ele está a fazer naquele momento, tão difícil?

Eis então que chega o subcomandante Pode-Parar, da Guarda de Elite, informando que o Major Futurus-Projetus ordenara que todos se dirigissem para uma colina de nome Reflexão e ali contemplassem a imensidão do Dique-Problema. Que ao se romper provocou uma mudança tão grande na paisagem, Digna de se admirada.

A multidão então ficou espantada.

Olha aquilo!... Que lindo!... Meu Deus como é grande!... O Cotidiano nunca mais será o mesmo!...

E ali ficaram em contemplação até que o Marechal Futurus-Projetus deu uma ordem: - “Sei que tudo está muito bonito e admirável, mas, o Dique-Problema terá que ser resolvido”.

Mas toda população do Cotidiano, tratou de dizer:

- A culpa é da Primeira guarda se acaso tivessem se mantidos em seus postos não teríamos esse problema.

Outros eram enfáticos:

- Não temos formação e muito menos equipamentos para cuidar desse problema>

Enquanto outros desesperados gritavam:

-Vamos todos morrer! A minha casa! Minha plantação! Vai se esvair tudo em meio à água!

A força com que água avançava e destruía misturava-se em meio às queixas e lamurias da polução Cotidianense. Encontravam-se culpados e vitimas para tudo. E em meio aquela confusão todos não se apercebiam que morreriam culpados inocentes, conscientes, revolucionários, intelectuais, guardas e império.

Quando a água já havia avançado por quase todo Império. O Marechal Futurus- Projetus deu um grande grito e pediu que todos olhassem para o grande lago que havia formado abaixo deles. De modo que os rostos se formavam em maio ao espelho d água. E disse com voz bem firme:

-Eis o nosso Problema. E, em meio a risos todos respondiam:

-Acaso pensa que somos Cegos? Estamos a ver o nosso problema. Ao mesmo tempo em que olhamos ara vocês e esperamos a solução! Diziam em meio à ironia e raiva.

Insistindo na afirmação o Marechal Futurus-Projetus disse em toma mais sereno:

-eis o nosso problema. No mesmo momento a água que estava meio turva ficou transparente e todos puderam ver os seus rostos refletidos. De modo que aperceberam que o egoísmo interior de todos os lhes cegavam, a ponto que não viram ser capazes de dar fim a vazão da água. A falta de abertura e solidariedade explodia-se queixas e reclamações. Instaurando uma turbulência em toda população. Dirigir o olhar apara fora de si era a primeira solução. Não foi necessário ordem, comandos ou punições. O ver-se responsável por toda a realidade promoveu uma mudança importante em Cotidiano.

Naquele momento, todos começaram a trabalhar. A população reunida foi abrindo pequenos canais que contornavam todo o Dique-Problema, mantendo assim a represa em um nível que não causasse danos ao Império, desde que fosse mantida uma vigilância permanente sobre o nível da água. Os canais também eram vistos como abertura que cada um dava ao seu coração preocupando-se uns com outros. Não por que sou melhor e que o outro seja invalido. Mas, por que na vida de cotidiana de cada um surgem problemas, ora iguais ora diferentes, mas que podem se estendeu a todos de modo incontrolável.

No dia do teste, havia uma tensão geral entre os moradores de Cotidiano. Foi avisado de porta em porta que o teste daquele ano estava cancelado. Em seu lugar, haveria uma grande festa, pois, o Imperador Ordinário resolveu conceder a todas as Guardas uma medalha de Louvor e Bravura. Nessa data foi instituído o feriado comemorativo do “Dia em que Cotidiano contornou o Problema

No Reino do Cotidiano todos os que cumpriram suas tarefas entenderam que a solução para o problema está no conjunto das tarefas e das idéias. As tragédias nem sempre acontecem devido às falhas ou negligências humanas. O reconhecimento das dificuldades e a coragem de enfrentá-las, afora o desejo de localizar um culpado, fazem com que todos omitam seus esforços na busca de soluções.

Os problemas são normais e acontecem a curto, médio e longo prazo. Nem todos serão solucionados. Outros terão solução no prazo em que for possível.

Como naquela represa, os problemas aumentam ou reduzem sua força, a depender da dinâmica que desenvolvem. Sua solução pode envolver mais ou menos pessoas, mas a grande virtude está na organização e preparação para buscar as soluções adequadas. Para isso, precisamos agir com eficiência, determinação e paciência, virtudes que quase sempre estão presentes na vida dos homens que aos poucos se tornaram santos.

Por fim, no império do Cotidiano, o Ordinário se mantém como imperador: ou seremos ordinários ou nos tornaremos ordinários.

Fr. Ennis Cláudio Aráujo

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Certos e Errados

Texto elaborado para educação infantil

Juquinha morava em uma cidade chamada Honestidade, com apenas sete anos, estudava na 2ª série de uma escola bem pequena. Gostava das aulas e tinha boas notas, porém, não era o mais comportado da turma.

O dia do Juca começava cedo, com sua mãe pedindo que ele levantasse, pois ele nunca acordava na hora certa. Chegava sempre atrasado, em qualquer lugar que fosse. Pois, costumava ficar até muito tarde da noite lendo. Por sinal os olhos devoravam tudo o que lhe caia as mãos: livros, revistas, gibis, jornais.

Dono de um hábito engraçado e irritante às vezes. Quando lia algo novo logo desejava contar para todos que encontrava. Assim, acabava por atrapalhava a sua mãe, o seu pai e até a empregada em seus afazeres. Para ele o mais importante naquele momento era “todos deviam escutar as suas histórias por sinal, era um excelente contador de história, às vezes aumentava, mas era bom.

Na ultima sexta feita, Juca foi para escola de ônibus, pois dormiu demais. Para entrar no ônibus acabou por cortar a fila, pois, atrasado como sempre teve que aprontar mais uma das suas artes.

Mas, antes de chegar à escola entrou uma velhinha no ônibus, a senhora ficou em pé ao seu lado, este sem pensar duas vezes levantou e cedeu o seu lugar para está senhora que ficou encantada com a educação do menino. Mas, já lhes adianto, está história deu pano para manga. Todos tiveram que escutar por mais de vinte vezes o seu ato de bondade.

Ennis Cláudio Araujo

terça-feira, 13 de setembro de 2011

“Mestre não é quem ensina, mas aquele que, de repente, aprende”. Ruben Alves




Este texto é parte de um discurso de formatura realizado em 2009. Tive como base uma palestra do Frei Beto, “Projeto sempre um papo”, que acontecia sempre no teatro da Caixa em Brasília. Postei o vídeo por que não seria honesto não mencionar a fonte e muito menos privar a todos de ouvirem tão bela palestra
Vivemos em um tempo de mudanças, enquanto que, os nossos pais viveram em mudanças de tempo. Explico: vivemos com as coisas que mudaram na época dos nossos pais (Fr. Betos). No período de deles foram criadas as redes virtuais-internet, celular, cartão de crédito e tantas outras coisas que se tornaram febre modernas. Assim lamento em vos dizer: O que é aprendido hoje,  pode não lhes servir para nada. Por isso, sem inteligência, de nada lhes adiantará o conhecimento adquerido ao longo da vida.

Tomás de Aquino disse a seguinte frase: “A razão é a imperfeição da inteligência” (Fr.Beto). Muitos aqui são filhos de pais inteligentes, que sem estudo ou possuindo formação precária possibilitaram os filhos  chegarem onde eles não tuveran oportunidade de chegar. Digo inteligentes com base na origem da palavra “inteligência” – ler por dentro, enxergar o que não foi revelado. Reconhecer a realidade e saber qual decisão tomar: este sim é um exercício da inteligência. De nada adiantará o conhecimento se este não lhe possibilita saber qual a fórmula matemática a ser usada, que o verbo pronunciado esta errado, após ter sido pronunciado. Agir inteligentemente é trabalho cotidiano da mente. E isso, seus pais fizeram a cada dia. E graças a eles vocês alcançaram o sucesso hoje.
Vocês devem ser inteligentes, pois o mundo existente aqui, cercado por estes muros, não existe ao crruzarem este protão. Lá fora as coisas são diferente. Vivemos em tempos de mudanças onde o mundo não é o que parece. Não existem mais as famílias que os nosso professores nos apresentaram. Muito menos o estado, a escola, a religião que lhes ensinaram.
Mas, digo existe sim. Um mundo, onde vocês devem construir as vossas famílias, ocuparem os seus lugares na sociedade, aprenderem e ensinar os seus filhos. Existirá um modo de expressar a sua religiosidade, pela qual agradeceram a Deus por tudo que Ele lhe fez. E isso não poderá ser feito como no passado.
Usar a inteligência é mais ou menos assim: são 26 letras com as quais, com um pouco de paciência, escreveremos obras semelhantes à de Machado de Assis ou Guimarães Rosa (Fr. Beto). E saiba conhecimento para tal tarefa vocês receberam ao longo dos anos antes mesmos entrarem pelos portões desta academia.
Posso afirmar, que com delicadeza, atenção e esforço conseguirão misturar as 26 letras na panela gigante que é o mundo, usando uma colher que mal conseguiram segurar. Lembrem-se, a primeira regra do mundo é respeitar todos os que estão a sua volta. Desejo que ao saírem daqui busquem viver de modo inteligente, aonde haverá uma valorização ética e que exalte a sua consciência e o espírito. Deus lhes abençoe.
Aos mais jovens, que ainda continuam em conosco a cumprir as diversas etapas que seguem, exorto com carinho. Vocês entrarão no período de maior importância de suas vidas. Tudo que ocorrer daqui para frente marcará vossas vidas. Saibam que o mundo perdoa quando há dificuldade em aprender ou dificuldade em alguma disciplina especifica. Mas lhes afirmo: o mundo não perdoa quando somos injustos, preguiçosos, irresponsáveis ou desonestos. Por isso, nesse período, sejam inteligentes e não desperdicem ou decepcionem aqueles que a todo custo lhes oferecem oportunidade de serem melhores.
Oportunidades que eles mesmos não tiveram. Que Deus lhes acompanhe e que vocês hajam sempre com verdade e humildade. Pois foi assim que o nosso modelo maior agiu. Jesus Cristo, ao ser questionado por Pilatos sobre o que é a verdade, nada respondeu. Por humildade, penso. Ele poderia ter dito: “A verdade sou Eu”, pois não encontramos em Jesus nenhum pensamento que divergisse de sua postura e de sua missão (Fr. Beto). De modo misericordioso, solícito e simples, ele passou toda sua vida fazendo o bem e doou sua vida. Por isso, com certeza Jesus é Verdade, “e mesmo que alguém prove que Ele é uma grande mentira, continuarei ao seu lado”Dostoievski (Beto). Pois não há outro modo de construirmos um mundo melhor a não pela e com a Verdade. Deus nos abençoe.
Fr. Ennis Araujo



Faça uma lista



O meu texto preferido para o inicio de conversa. Amo ver a cara de "ESPANTO" dos alunos

Disse um filosofo “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”, talvez seja por isso que encontra se tantas dificuldades para definir Filosofia. Mas, de uma coisa tenho certeza filosofia é uma forma de ver aquilo que ainda não foi visto; de sentir os odores ainda não exalados; de falar do indizível, ou encontrar o que não se espera achar ou que ainda não está perdido. A palavra filosofia em sua mais original pronuncia tem o significado de “Amor pela sabedoria”. Um amor que cresce a cada dia, como a esperança que se alimenta por alguém que amamos. Na verdade uma paixão, paixão pelo conhecimento; primeiro de si, depois pelo conhecimento do mundo, da nossa existência. Fruto e origem da nossa própria história.
Fazer uma lista de coisas antigas é visualizar a nossa origem, é perceber o que foi Amor ou o que foi Paixão. Na filosofia buscamos um conhecimento eterno, verdadeiro e completo. Mas, isso parece impossível, os conhecimentos ou saberes às vezes perdem sentidos ou são esquecidos por mais importante que sejam. O saber da filosofia tem que ganhar vida, ou seja, tem que se concretizar. Na filosofia a expressão “O desvelar do ser” tão usado nos discursos existencialistas, não é mero arroubo de conceitos, ou pelo menos não deve sê-lo.
Não é possível compreender o saber filosófico com parâmetros matemáticos, como algo quantitativo, mas, como algo bem humano onde o dia anterior não é apagado pelo o hoje e será completado pelo amanhã.
Fazer uma lista de coisas antigas é visualizar a nossa origem, é perceber o que foi Amor ou o que foi Paixão. Na filosofia buscamos um conhecimento eterno, verdadeiro e completo. Mas, isso parece impossível, os conhecimentos ou saberes às vezes perdem sentidos ou são esquecidos por mais importante que sejam. O saber da filosofia tem que ganhar vida, ou seja, tem que se concretizar. Na filosofia a expressão “O desvelar do ser” tão usado nos discursos existencialistas, não é mero arroubo de conceitos, ou pelo menos não deve sê-lo.
Não é possível compreender o saber filosófico com parâmetros matemáticos, como algo quantitativo, mas, como algo bem humano onde o dia anterior não é apagado pelo o hoje e será completado pelo amanhã.
Fazer filosofia é rebelar-se contra toda mediocridade, ou seja, . sair da média. Ver um pouco do mundo não visto. Devolver o desejo as pessoas de sonharem, de resistirem a toda opressão. Dar banana aquilo que não está claro. Mas, não permitir que o não entendido não seja um desafio ao exercício da mente. A filosofia não deve mudar os pensamentos, deve mudar a vida a existência, o sentido do ser. Descobrir o essencial. Durante as nossas vidas busquemos fazer uma lista do que é essencial para Bem vivê-la.

Sejam bem vindos ao “Mundo da FILO-SOFIA” Ennis Araujo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Como queria ter brincado!. Parte I


Este texto nasceu de uma crônica no período da faculdade de Jornalismo...

Véspera do dia das Crianças, nove da noite, alguém me pergunta: como foi sua infância? De que você brincava quando criança? Você sente saudades? De que modo você resumiria a sua infância? Fico pensando horas, e resolvo responder a partir da última pergunta.
Se fosse possível resumir o período de infância, escolheria a seguinte frase: “Imaginação dos possíveis”. O que provoca outra pergunta – “Por que imaginação dos possíveis?” Já que pensamos imaginação como tudo que acontece em meio a uma gama de coisas impossíveis de acontecer. Não adiantarei a resposta, mas deixe-me relatar um pouco da minha infância e assim, quem sabe, poderemos encontrar justificativas para esta definição.
Desde os anos mais tenros da minha vida, já estava a guiar os mais diversos e coloridos veículos que passaram pelas minhas mãos. Não sei quantos foram os caminhões de areia, de gado, de madeira e pedras que transportei. Sei que às vezes entregava terra vermelha no sul do Brasil e em poucos minutos, já estava a receber uma carga de pedras, logo ali nos Estados Unidos. Era só dar a volta em um grande monte de terra estacionado bem a frente de minha casa.
Vejo que não são diferentes as história das nossas infâncias com a historia da vida humana. Assim, como roda foi talvez um dos maiores inventos da humanidade. Foi graças às rodas que muitas brincadeiras foram possíveis. Voltando aos carros que tive ao longo da minha infância, é quase impossível imaginar de onde brotava tanto combustível. Alguns dos meus veículos eram movimentados de forma braçal a prova de sol, água, frio, e calor. Para que funcionassem, bastava uma superfície um pouco plana, em qualquer posição.
Traduzindo, algumas vezes qualquer canto de parede, sala, rua, mesa, telhado, porta de geladeira, era suficiente para construir uma cidade e gerar um engarrafamento que não se resolveria tão cedo. Estes carrinhos eram mais simples, feitos de plásticos, de madeira, de metal ou papel. Eram simples de serem manuseados, além do que eram os mais baratos.
Outro modo de conduzir os meus diversos veículos era por meio de barbante. Estes exigiam pistas um pouco melhores. As quais se tinham todo cuidado de preparar. Muitas das vezes havia mais diversão na construção das pistas do que na condução dos veículos. Recordo-me de uma pista feita de giz no asfalto. Na verdade, pista era pretexto para a construção de uma cidade.
Ali haviam postos de gasolina, padarias, casas, prefeituras, policiamento e até ladrão de veículos. Já dito, todos os carros conduzidos por um fio de barbante: de uma ponta o condutor, de outra o pequeno veículo, uma frota variada de pequenos caminhões a grandes fusquinhas. Digo grandes fusquinhas, porque me lembro de amigo que tinha um fusca amarelo maior do que muitos caminhões cegonha.
Posso dizer que foi por meio das rodas que passei a minha Infância. Ainda vi chegarem outros tipos de veículos com outros combustíveis como à pilha, fricção e a corda. Mas estes, dirigi muito pouco, primeiro pelos custos, depois pela fragilidade e por fim por que eram um tanto autônomos.
Algo importante da minha infância era a capacidade que tinha de trocar de profissão: acordava soldado e dormia piloto de avião. Durante o dia era professor, médico, jogador de futebol, padre, pai, veterinário, cantor, artista de cinema e principalmente cientista maluco. Ah. Esta era a profissão que mais gostava. Não podia ver um vidro de remédio ou uma caixa de comprimidos, que já queria criar uma fórmula milagrosa que resolvesse todos os problemas da humanidade.
Às vezes a fórmula para ficar invisível e invadir o supermercado ou entrar no banheiro das meninas. Em outros momentos, algo que fizesse crescer como um gigante bem forte e assim poder bater em todos, ou uma fórmula que ao apanhar da minha mãe não sentisse dores. Servia também uma fórmula que me deixasse tão pequeno que ninguém me encontraria. Nem com muito esforço conseguiria lembrar quantos grilos, besouros, borboletas e formigas foram mortas, na tentativa de criar um monstro que crescesse e obedecesse as minhas ordens destruíndo todas as pessoas que eu não gostava.
Na minha fase de “Da Vinci”, desmontei televisões, liquidificadores, rádios e ferros de passar, na tentativa de consertar e criar um aparelho que pudesse falar com extraterrestre. Também, tive a fase de jogador de futebol. Embora não seja flamenguista, queria ser como o Zico. Não durou muito essa fase. Pois, logo descobri que não tinha talento para tal coisa. Na verdade, não descobri; avisaram-me logo nos primeiros dias, embora tivesse insistido por alguns anos. O convite “vamos jogar bola parecia às vezes piada, por que de bola mesmo só me vem à mente um gordinho que ficava sempre no gol.
Explico, que na falta de bola, qualquer coisa que rolasse servia. Tinha de tudo: bola de papel, de meia, de plástico, caroço de abacate e caixas de papel. Caixas de Papel?! Sei que vão achar estranhos, mas, apesar de serem quadradas, eram as preferidas da gurizada. Quem, nãos e alegrou chutando uma caixa de papel pela rua?
O futebol era a brincadeira mais democrática da minha infância se jogava em quaisquer dois metros quadrados de largura e as nossas queridas Havaianas se tornavam desde traves e marcação de linhas laterais até outras mil utilidades. Vão me dizer que vocês nunca, usaram as suas famosas havaianas como luvas de goleiro enfiadas pelos dedos das mãos?
Lembrando de improvisos, quem nunca formou dois times um de camisa e outro sem? Sendo da geração anos oitenta, não poderia deixar de citar a queda do famoso Ki-chute para as coloridas chuteiras “Biribol”. E do surgimento da bola de couro e o declínio da bola “Dente de leite”. Esperada por muitos no dia das crianças.
Os anos oitenta possuíam uma característica singular: foi o período que podemos chamar de "avanço tecnológico dos brinquedos" invadiu o mundo infantil. Além dos carrinhos de controle remoto, bonecos e bonecas que acendiam luzes e falavam, não dá para esquecer dos famosos vídeo-games Atari e Super-Game, coisas reservada à classe média e tão aspirado pelas classes mais pobres.
Uma tela colorida com alguns barulhos nos envolvia em frente à televisão horas a fio. De um lado da casa, minha mãe dizendo “eu já ouvi falar que esta coisa estraga a televisão”. Não sei até hoje se é mito ou verdade. Mas, o que importa e que adultos viraram crianças em frente À tela e as crianças se portavam como adultos na disputa pela chance de jogar.
Quanto aos jogos, não eram muito diferentes um dos outros. Alguns quadradinhos azuis ora eram naves, ora eram carros. Um risco preto era possível ser desde uma bomba até a chave para próxima fase. Era enorme o esforço de imaginar que uma coisa em forma de losango era um carro de corrida, mas todos enxergavam, e aí de quem não enxergasse.
Talvez, tenha sido por isso que um jogo tosco de nome “River Raid” tenha se tornado a alegria dos viciados. Um jato bem definido percorria a tela de baixo para cima, destruindo navios e helicóptero, e às vezes tendo que abastecer. Mergulhavam todos em novo universo de imaginação e disputa.
Agora sim, Posso dizer por que defino a minha infância como “Imaginação dos possíveis”. Todos aqueles brinquedos eram reais e de algum modo me colocavam em contato direto com aquela realidade a imaginada. Tem uma musica do jardim da infância que é mais ou menos assim – Da abóbora faz melão/ do melão faz melancia/ da abóbora... Faz doce sinhá. Faz doce sinhá Maria...
Essa musica aponta que as relações imaginativas não vêm do nada, mas de uma serie de semelhanças. Gostaria que alguém convencesse uma criança que um cabo de vassoura é impossível de ser espingarda, cavalo, espada e violão. Com certeza será mais difícil o cabo de vassoura voltar a ser um simples cabo de vassoura do que a criança vê-lo como um instrumento mágico de mil utilidades.
Por isso, que ao me perguntarem “Do que você brincava quando criança?”Eu respondo prontamente “De nada”, pois estava muito ocupado a criar meus brinquedos e acho que não tive tempo de Brincar.

Ennis Aráujo.