sábado, 8 de outubro de 2011

Alguém nasce Filósofo?!..




Será que nascemos propensos a Filosofia? Acho que algumas experiências pessoais confirmam-nos essa idéia. Em muitos casos , antes mesmo de saber que existia algo que se chamava “filosofia”, sentimo-nos atraídos pela vertigem das questões fundamentais da Vida: Por que as pessoas morrem? Por que algumas coisas são erradas e outras são certas? Como podemos ter certeza de que alguma coisa realmente aconteceu? Não conheço ninguém que não tenha, em algum momento, se colocado alguma dessas questões. Lembro-me da brincadeira dos Espelho: “Se colocar a frente do espelho e ficar aguardando que, ao sair de sua frente o nosso reflexo poderia continuar lá parado...” Alguns alunos dizem que nunca fizeram isso. Duvido! Se você já não fez?

O filósofo é justamente aquele que se sente especialmente “mordido” por essas questões. A ponto de dedicar-se a busca entendê-las e explicá-las. Filosofar é uma forma especialmente interessante de experimentar a liberdade. Poucas atividades intelectuais permitem explorar, com tamanha amplitude, as inúmeras possibilidades do pensamento. Filosofar é explorar os limites – da linguagem, do pensamento. Até onde podemos falar, conhecer, saber? Como é possível que falemos, conheçamos e saibamos alguma coisa? Sobre o que podemos falar, conhecer e saber? Enfim, filosofar é sentir-se estimulado a pensar sobre a totalidade dos problemas ou dos “não problemas”.

Essa liberdade que a filosofia proporciona faz com que seja ela uma atividade importante para a formação de qualquer pessoa. Procurada por profissionais das mais diversas formações – advogados, físicos, psicólogos, matemáticos, cientistas sociais e biólogos. Buscam ampliar suas perspectivas, às vezes limitadas pela necessidade cada vez maior de especialização em suas áreas.

Uma boa formação filosófica apresenta e promove duas grandes virtudes que de antemão parecem antônimas: flexibilidade e rigor. Um bom filósofo tem que ter um pensamento flexível: capaz de imaginar os prós e os contras de sua posição, de antecipar aos problemas e adaptar-se de acordo com a evolução dos argumentos questionamentos. Tem que ser flexível devido às questões filosóficas possuírem características importantes e interligadas. De uma questão ética. Ou seja, uma pergunta sobre: o que é certo e o que é errado? Passa-se para uma questão ontológica. Indagação que versará a respeito da existência e o modo de existir. O que nos remeterá a uma problemática epistemológica, “Será que verdadeiramente podemos conhecer aquilo que julgamos ser certo ou errado se ao menos somos incapazes de afirmar a existência. Não Acho que tal exercício da mente seja uma chuva cética, mas um movimento de elucidação de posturas, compreensão e apresentação da realidade. A Flexibilidade para encontra a Verdade nesta situação é imprescindível, pois si não pode haver afirmações de sentido dúbio.

Em relação à outra virtude exigida para uma boa formação filosófica é o Rigor. Relacionado de forma íntima com os argumentos e conceitos. Mesmo quando os filósofos pretendem se valer de outros meios, que não o argumento, busca de algum modo, seguir critérios de rigorosos na exposição de sua posição. Portanto a coerência nas exposições e clareza nos argumento dá vida e validade a uma discussão filosófica. A filosofia é essencialmente uma atividade conceitual ela busca apreender a experiência e apresentar (seja a experiência moral, epistemológica, estética) por meio de conceitos, que em si traduzem a essência do que se é pensado ou percebido.

Em parte, pode-se dizer que esta é a atividade essencial da filosofia: criar ou propor conceitos, ou seja, anunciar o que é essencial. O que proporciona uma melhor compreensão da realidade. De posse desses conceitos, dizem os filósofos, pode se viver agora essas experiências ou fenômenos (a experiência de decidir o que é certo, a experiência de conhecer, a experiência de reconhecer o que é belo) de mais profundo e refletido. Alias o termo reflexo, ou seja, projetar-se de modo a se comparar. Alusão ao espelho fez parte da missão de . Sócrates: “conhece-te a ti mesmo” convite escrito no pórtico de Delfos. O filosofo é aquele que tem a sua imagem logo a sua frente, não como modelo pronto, mas como matéria prima a modelar-se.

Quanto a fama de fama de “difícil” da filosofia. Não se pode concordar. A filosofia é, sim, exigente: exige um envolvimento sincero com as questões e uma forte resolução de continuar explorando-as. Quando o negócio é explorar os limites. Deve-se estar preparado para encontrar resistência. Mas, sem isso, jamais se saberá até onde é possível chegar.

Ennis Cláudio Araujo


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