quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dedo nos olhos! Campanha de acessibilidade


A campanha sobre acessibilidade nos convida a refletir e mudar nosso comportamento sobre algo tão comum em nossa sociedade, “Acessibilidade ao mundo” embora cheguemos a pensar que é algo extraordinário, ou seja, somente aqueles que têm alguma necessidade especial. Diiscordo desta idéia. De maneira alguma penso que seja algo extraordinário; quem não tem deficiências atire a primeira pedra! Quem nunca precisou de uma ajuda?

Campanha pela acessibilidade ”, ou seja, um grito da Sociedade contemporânea; que ora pensa ser moderna às vezes passa por média, vive como antiga e continua a ser caduca... A campanha de acessibilidade e o mais belo gesto de dizer “Somos seres portadores de necessidades não tão especiais!”. E que bom que alguém pode reconhecer isto e cooperar comigo.

Este grito de liberdade neste momento chega até nos por que a sociedade está conseguindo olhar o mundo pela fresta porta da frente. Muitas das vezes as coisas chegam até nos por uma janela. E mais ainda, chegam por uma janela filtrada por pré-conceitos que se tornam conceitos e que mais ainda viram preceitos. Ou seja, não ver bem se torna sinônimo de não conhecer, não definir sons sinônimo de não comunicar; não andar é sinônimo de estabilidade.

Em minha formação filosófica não me identifiquei por completo com os filósofos empiristas. Mas gostaria de usar desta teoria como ponto teórico, para dar continuidade a esta reflexão.

O nosso corpo é um grande olho, uma grande boca, um grande ouvido, uma grande perna, uma grande mão, um grande nariz. Pois quando sentimos uma rosa, nossas mãos que a tocam, os olhos contemplam. As narinas inalam o seu odor, as nossas pernas nos conduziram. Portanto o acesso ao mundo é um gesto global de sentidos. E o mais incrível é quando debilitados de um sentido sofremos a divina potencialização de outro. Acredito que esse seria um ponto importantíssimo para compreensão da palavra portadora de necessidades especiais. A singular capacidade de tornar equivalente mesmo tendo a nossa totalidade subtraída. O que implica não dizer que somos melhores ou piores.

Alguns anos atrás assisti a um filme que encantador: (Janela da Alma de João Jardim e Walter Carvalho 2001) Um documentário que narra diversas pessoas com diferentes deficiências visiauis.

O filme “Janela da alma” com enfoque em pessoas que se vêem cegas dos olhos, friso de maneira absurda “Cegas dos olhos”, mas, não do coração. Pois, o coração representa a totalidade dos sentidos e dos sentimentos. Janela da Alma é o reflexo de pessoas que se vêem sem visão. Ou seja, a visão é construção social, e não dado da natureza. Podemos afirmar existem pessoas que vê muito pouco ou quase nada, mas, que enxergam muito e vice-versa.

Em um dos relatos do filme; Saramago nos diz “Quanta cegueira nas relações, quanto falta de visão nos projetos da humanidade, quantas trevas nos cinemas e nas ruas, quantos políticos que só vêem um palmo além do próprio nariz. E ainda nos chamam de cegos”. Talvez seja por isso que o cineasta Win Wendes, que também apresenta os eu testemunho no filme afirma preferir ver o mundo através dos óculos, ou seja, todas as coisas são enquadradas. Não que queira ele ver menos, mas, deseja ver melhor. Purificar sua visão. Quantas coisas não se deixaram de ver, por purificar mal o olhar.

Ver a realidade é cortar um pedaço do mundo e lançá-lo dentro de nossa mente; e ai “Salve-se quem puder!”. Pois, de nossas mentes a experiência não nos traz boas lembranças (Inquisição. I e II guerra, políticas de fome e morte). Somos convidados a ver o mundo por inteiro de corpo inteiro.

Ao escrever esta reflexão, Não há um desejo demagógico em transcender as questões de deficiências múltiplas do ser humano. Algo que nos leva em alguns momentos ser chamados de portadores de necessidades especiais. Mas, um desejo de salientar que o modo de vermos as coisas nos aprisiona. Não só aquilo que é permitido ver, mas, também o que se deseja ver.

Acredito que aderir a campanha de acessibilidade seja muito mais que dar condições as pessoas de fazerem ou realizarem as coisas por ela mesma. Mas, verdadeiramente dizer “Desejo que a sua experiência de mundo seja algo fantástico e prazeroso, mesmo quando sozinho ou com a colaboração de alguém.

Que bom que estamos colocando o dedo em um de nossos olhos e permitindo que sejamso ajudados por outros.

Ennis Araujo "Míope de nascença"

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