quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A lixeira, o banco e o pardal! Uma Fábula Moderna.!

Capitulo I

Encontros e Desencontros
Existem histórias de pessoas, cidades, ruas e  praças famosas. Mas acredito que ainda ninguém contou a história de um Banco de praça ranzinza, uma Lixeira Pop-Star e   de um Pardal metido a besta.

Mas acho que antes de contar está história é necessário conhecer o lugar onde tudo aconteceu, ou melhor, que deveria acontecer. Não, nada disso! O lugar onde tudo acontece de verdade “O Coração”!

Era uma vez uma praça, igual a todas as outras: retangular, bancos, parquinho, banca de revista, pipoqueiro  e muitas crianças. Chamava-se “Praça da Vida” apesar de não haver nada de tão especial, ocorreu  que um dia despencou sobre a cidade um grande temporal. Um verdadeiro dilúvio: derrubou arvores, destruiu calçadas, arrastou a banca de revista.
A Praça da Vida ficou completamente destruída. As pessoas caminhavam pelas ruas desesperadas.
Até que de repente um casal de namorados encontrou em meio aquela tragédia algo que se tornaria um sinal de esperança. Escondido entre os galhos das árvores arrancados pela força do vento e arrastados pela fúria das águas, um pequeno ninho de pardal, ao qual abrigava um filhote que delicadamente dormia protegido como que em uma espécie de milagre.
A mãe daquele jovem pássaro parecia ter previsto o que aconteceria. A vigorosa mangueira tombou-se a força dos ventos, porém aquele ninho resistiu intacto. E o seu morador, aguardava faminto pelo retorno de sua mãe.
Em meio à escuridão e a dificuldade para alcançar o ninho entre às folhas os dois jovens pediram ajuda das pessoas que por ali passavam. Algumas aflitas demais para ajudar, mas mediante a bela visão do pequeno pardal em seu ninho.
O Medo, o frio, a fome  e a escuridão da noite não impediram que dezenas de pessoas se movessem na corajosa missão de retirar aquela frágil ave do lugar ao qual até o momento representava a segurança máxima. Quando conseguiram ouve gritos de eufóricos de felicidade.
Aquele gesto provocou uma reação inesperada, a euforia vivida no resgate do jovem pardal levou com que todos se desdobrassem na ajuda e amparo dos que estavam padecer em outros lugares mediante a chuva.

Toda aquela cena foi fotografada por repórteres que estavam no local. E no outro dia ganhou as paginas dos jornais. Porém, restou uma duvida .
O que ocorreu com aquele pardal?
Após o resgate, o casal de namorados levou o pequeno pássaro para um ninho que pertecenu a outro passáro e acompanharam todo o desenvolver da pequena ave. Até  que um dia o mesmo vôo para junto dos seus.

Aquela história ficou gravada em uma placa de homenagem na Praça da vida, que devido à tragédia passou por uma grande reforma. Por dias a reconstrução seguiu. Um tronco de arvore servia como banco para descanso dos operários que trabalharam interrupetamente. Parte do lixo foi enterrado no centro da praça, como um gesto simbólico. A vida  brotaria novamente. Uma cena curiosa era notada por todos que  ali trabalharam.Um  passáro desolado contemplava tudo que acontecia com um olhar tristonho.

A reforma da “Praça da Vida” foi concluída. E em homenagem aos namorados a  praça ganhou um formato de coração. Por causa disto, outras coisas acabaram por acontecer. Inclusive o fato de se tornar um rua sem saída que levava com que todos circulassem por todo o “Coração”.

—Meu amigo pode me informar onde fica a “Praça da Vida? Perguntava o taxista.
—Lá no Coração. Respondia o jovem.
—Onde fica a escola “Primeiros Passos”? Queria saber o homem que dirigia o ônibus escolar.
—Olha você segue está rua então o senhor vai ver um coração. Fica ali. Respondia ao guarda.
Assim a Praça da Vida passou a ser conhecida apenas por “Coração”.

Como qualquer outra praça “Coração” também tinha seus moradores. Que neste caso não eram híppies, mendigos, ambulantes, cachorros sarnentos, corujas buraqueiras e muito menos o “bicho-papão”.

Stress e Clean eram considerados os primeiro moradores daquele lugar. Gabavam-se de saber o nome da  primeira criança a cair da velha mangueira e a menina que ganhou o primeiro botão de rosa.

Stress era um banco de praça, feito em ferro e  madeira. Possuía um temperamento explosivo. Dizia de si mesmo.
—Antes de pensarem “O Coração” eu já estava aqui, nos primeiros anos na forma tosca de um tronco de árvore. Já naquela epoca eu era bastante útil, pois, servia como assento aos cansados e famintos trabalhadores. Mas, hoje sou uma obra prima. Um planejado banco de praça.
E após tilintar os seus parafusos afirmava.
—Sou praticamente uma relíquia, na cidade não existe um banco de praça mais velho do que eu. Sou exclusivo, por isso exijo cuidado comigo, não gosto que pisem em meu assento. Que bêbados venha dormir sobre mim e muito menos que os alunos escrevam sobre o meu encosto.

O segundo morador, ou melhor, moradora, chamava-se Clean uma amável e charmosa Lixeira que ostentava o curioso formato de coração.
— Eu brotei do chão como as árvores. Na minha infância era apenas um buraquinho e recolhi em meu interior parte da triste sujeira e destuição deixada pela chuva. Em minha eficiência fui promovida a lixeira modelo. Devido a tão inusitado designer a lixeira tornou-se um atração especial.
—Nossa que linda! Uma lixeira em forma de coração! Amei este detalhe rosa é tão romântico! Super fashion! Os comentários eram os mais diversos.
 As pessoas pousavam por horas ao lado daquela que era a sensação da praça. Os flashes eram constantes.  Principalmente nos finais de semana.

Clean por sinal não esconde a sua vaidade.
—Sou a pessoa mais conhecida desta cidade. Já tirei fotos com japoneses, alemães, russos, americanos, italianos, brasileiros. Tenho foto com a primeira dama. A filha daquele cantor sertanejo famoso. Sem falar que a praça em minha homenagem ganhou este formato.

Apesar de não terem  residência permanente a cada ano Coração recebia diversas espécies de aves que revezavam a sua estadia na “Praça da Vida”. Pombos, João de barro, pica-pau, sábias, canários, andorinhas e os inúmeros pardais. Estes formavam curiosas imagens ao se lançarem em revoadas ao sobrevoarem a praça. Mas desta vez as coisas foram um pouco diferente, O grupo era guiado por um pardal muito diferente.
—  Acho que você deve assumir a frente do grupo. Disse o pardal que estava a organizar o grupo de migração. O seu nome era Cheff, usava poucas palavras conhecido por seu modo prático. Era responsabel por preparar os mais jovens no exercicio de conduzir os bandos a migração.
—Mas, eu já disse que nunca fiz isso. Disse o pardal em negativa a ordem de  Cheff. Este pardal chamava-se Lipe. Havia entrado no bando a pouco tempo. Mas logo tornou-se conhecido pelo seu tamanho e sua cor acinzentada.
—Estou a lhe esperar. Anda logo rapaz! Cheff não se intimidou com o corpulento pardal prateado.
—Isso é loucura! Gritou Lipe ao perceber que aquele pássaro não o deixaria em paz. Enquanto os demais lhe olhavam com ar de reprovação.  Enraivecido tomou do bando que seguia na forma de um grande V, o modo seguro de conduziar a migração dos passaros.
Lipe nunca havia guiado um grupo antes, mas parecia aprender rápido tudo que lhe ensinava.
—Isso mesmo, deixe o grupo sempre junto! Observe o ritmo dos outros! Isso mesmo rapaz você parece que nasceu para isso.
 Em poucos minutos Cheff estava a elogiar, o estranho e folgado pardal prateado.
—Assim que avistar um lugar seguro prepare-se para o pousar. Avisou Cheff à Lipe que conduzia o grupo.
—Acho que pode ser naquelas arvores. Disse Lipe ao avistar algumas frondosas mangueiras.
Mas antes, que se concluísse a manobra. Cheff começou a  gritar desesperado.
—Para cima!  Aquile é o reflexo da vidraça! Você que matar a todos!
Lipe estava tão empolgado que não deu ouvido ao experiente pardal, acostumado as surpresas e desáfio do ar.
— Você está maluco Olha lá as arvores. Os predios estão do outro lado.  Insistia Lipe.
—Sim as arvores estão lá, seu pássaro maluco. Mas, do outro lado aquilo é apenas reflexo. Para chegar à praça será necessário passar por entre eles. Alguns pardais não conseguirão fazer tão arriscada manobra.
Cheff tentou por diversas vezes alterar a rota do grupo. Mas não havia outro modo. Lipe conduzia o grupo, convencido que estava a fazer a coisa certa.
—Venham vocês! Gritou Cheff a dois pardais de cor escura
—Derrubem este pardal kamikaze! Antes que ele mate a todos nós.
—O que isso meu Deus?! Lipe foi atropelado pelos dois pardais que se lançaram sobre ele.
—Vocês me pagam! Lipe avançou como um louco,  para cima dos pardais. Em meio a sopapos e bicadas o pardal prateado foi imobilizado.
—Quando eu autorizar vocês podem soltar este maluco! Cheff em uma ação muito rápida tomou a condução do bando. Enquanto reduzia a velocidade conseguiu dividir o grupo de pardais o que e permitiu que não ocorrese uma  tragédia.
Porém Lipe não teve a mesma sorte.
—Ploft! Tum, Tum! Ai! Ai, Uff!  Uma seqüência de barulhos anunciava que Lipe havia se chocado com as vidraças. Quando foi libertado pelos pardais já era tade demais.
—Será que já cheguei ao céu dos pardais? Perguntava-se
Queixava-se o pardal sem esperança de estar vivo.
— Se cheguei. Sempre imaginei um lugar fofinho com músicas por todos os lados.
Mas aquela realidade não lhe parecia muito com o céu.
—Acho eu não fui muito caridoso para merecer o céu dos pardais. Mas isso aqui está frio demais para ser onde não gostaria de estar.
Aos poucos percebeu que estava em uma pequena sacada sendo acolhido de modo inusitado.
—Ah meus Deus! Nada é tão ruim que não possa piorar. Socorro! O pássaro saiu cambaleante a fugir de um gato amarelo com cara de “obrigado Papai do céu pelo apetitoso almoço” . Só restava o passaro sair dali imediatamente.
Enquanto ganhava altura não percebeu que a varanda era coberta e deu uma ultima cabeça no teto.
—Ai! De novo! Já sei quando casar sara!   Aos poucos notou que não estava naquele momento dividido em mil pedaços na boca daquele gato asqueroso.

Deste modo a vida acontecia em sua mais bela dimensão. A capacidade de se renovar. E para todos os moradores  esta renovação se realizou o dia em que  “Praça da Vida” deu os seus “Primeiros Passos”  em direção ao “Coração”.


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