quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fotógrafos digitais, um mal necessário?! Saudosos Retratistas...


Declaro guerras aos "fotógrafos" digitais de plantão em casamentos, batizados, colação de grau e outros eventos públicos de caráter familiar. Nos últimos anos decidi não fotografar algumas coisas que julgava importante. Não por deixar de desejar aquela cena eternizada: o sorriso  da debutante, o rosto do criança batizada, o beijo dos noivos, a alegria da conquista da tão longínqua graduação. O motivo deste desapontamento em fotografar nasce em vitude de um objeto fantástico e prático a “máquina digital”, pois a mesma outorgou o direito de cada pessoa sentir-se e  porta-se como fotógrafo, e muito mal educado por sinal. Não sei como, mas surgem pessoas de todos os lugares com máquinas e celulares de todas as formas e modelos a fotografar não sei quem, muito menos o que? Sei que saracoteiam pelos cantos das igrejas, salões e auditórios na tentativa de ver alguma coisa, ou melhor, fotografarem alguma coisa. Acho que se soubesse que a vinte anos atrás uma boa fotografia de álbum de familiar levava-se quase um dia para ser realizada, devido à preparação de todo ambiente. Reduziriam este  ímpeto e se concentrariam mais no que fazem e não  em relação a quantidade que fazem.

Sem falar naqueles que insistem em filmar tudo o que acontece em qualidade ruim e sonoridade duvidosa. Será que alguém assiste aqueles vídeos com péssimos áudios e zooms catastróficos? Tenho minhas duvidas. Mas, acredito que os mais bizarros tornam-se o carro chefe do youtube. Portanto quer ter o seu vídeo assistido muitas vezes? Vai a dica. Não se preocupe em filmar o evento principal, mas,  procure as cenas cômicas e torpes que lhe garanto será sucesso imediato.
 
Quanto aos fotógrafos de plantão. Por longo tempo andei com uma máquina sempre pronta a disparar. Uma simples e pequena Sony cyber-shot (dsc-p100) com controles de velocidade, ISO, distância, duas opções de obturador e algumas seleções de cenas. Lembro-me que tive a alegria de fazer boas fotos com a mesma. Não lembro-me de fotografar saltitando em meio a casamentos, batizados e outras celebrações. Mas, por meio da cotidiana observação do dia. Uma praça, uma criança, o pôr do sol, uma conversa descontraída acabava por render boas fotos. Um bom fotógrafo nunca corre para realizar seu serviço, fotografia é arte por isso é necessário paciência.

Não pense que aquele flagra fotográfico vai nascer a partir dos números de cliques dados, mas, da sua capacidade de enxergar o que clicar. A fotografia nasce em nossos olhos e não na qualidade da máquina ou número pixels. Por isso, as velhas e pré-históricas máquinas Kodak analógica produziam boas imagens. Acostume os olhos com objetos fixos e aos poucos avance para aqueles em movimentos e obstáculos.

Saiba terás sempre alguém a sua frente no desejo de uma boa imagem. O beijo da noiva não se repete, a mão que assina o contrato estará sempre em um ângulo desproporcional. Acostumem-se com os obstáculos evite empurrar as pessoas ao seu lado, você não é o fotógrafo ofícial do evento. Acaso o seja, é necessário estudar o local antes. Pois, os paparazis da ultima hora sempre chegarão para te atrapalhar. 

Um detalhe aos fotógrafos desavisados as máquinas digitais são dotadas de um sistema de contagem de fotos, ou seja, a cada clique a sua máquina tem uma foto a menos. Explico, o sistema interno da máquina irá fotografar x fotos sem problema, depois disso  haverá um desgaste do aparelho, que resulta em uma qualidade menor das imagens. Por isso pense duas vezes em sair disparando loucamente pelo mundo.
 
Por fim, curta os momentos ao qual será convidado. Saboreie a música, delicie-se com as pessoas presentes, contemple as cerimônias. Não perca a oportunidade de ver e ouvir detalhes que poucos irão notar. Saiba que grandes momentos da história da humanidade foram perpetuados pela intensidade de suas vivências, não por que foram fotografados e muito menos escritos. Por exemplo: os eventos da Sagrada Escritura foram vividos e narrados oralmente por seus protagonistas e coadjuvantes. Depois estes  fizeram questão de contar com a mais profunda riqueza de detalhes. Istó é,  retransmitindo de modo oral . Tempos posteriores a tecnologias e necessidades permitiu-nos escrevê-los e por fim retratá-los. Contados  por meio da imagem.
Não se torne aquela pessoa que tanto desejou ver pessoalmente o seu ídolo do cinema. E ao realizar o seu desejo, preocupou-se tanto com  fotografia a ser tirada  que não notou  o seu déficit capilar.

Ennis Aráujo

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