Declaro
guerras aos "fotógrafos" digitais de plantão em casamentos, batizados, colação de grau e
outros eventos públicos de caráter familiar. Nos últimos anos decidi não
fotografar algumas coisas que julgava importante. Não por deixar de desejar aquela cena eternizada: o sorriso da debutante, o rosto do criança batizada, o beijo dos noivos, a alegria da conquista da tão longínqua
graduação. O motivo deste desapontamento em fotografar nasce em vitude de um objeto
fantástico e prático a “máquina digital”, pois a mesma outorgou o direito de
cada pessoa sentir-se e porta-se como
fotógrafo, e muito mal educado por sinal. Não sei como, mas surgem pessoas de
todos os lugares com máquinas e celulares de todas as formas e modelos a
fotografar não sei quem, muito menos o que? Sei que saracoteiam pelos cantos
das igrejas, salões e auditórios na tentativa de ver alguma coisa, ou melhor,
fotografarem alguma coisa. Acho que se soubesse que a vinte anos atrás uma boa
fotografia de álbum de familiar levava-se quase um dia para ser realizada, devido
à preparação de todo ambiente. Reduziriam este ímpeto e se concentrariam mais no que fazem e não
em relação a quantidade que fazem.
Sem falar
naqueles que insistem em filmar tudo o que acontece em qualidade ruim e
sonoridade duvidosa. Será que alguém assiste aqueles vídeos com péssimos
áudios e zooms catastróficos? Tenho minhas duvidas. Mas, acredito que os mais
bizarros tornam-se o carro chefe do youtube. Portanto quer ter o seu vídeo
assistido muitas vezes? Vai a dica. Não se preocupe em filmar o evento principal,
mas, procure as cenas cômicas e torpes que lhe garanto será sucesso imediato.
Quanto aos
fotógrafos de plantão. Por longo tempo andei com uma máquina sempre
pronta a disparar. Uma simples e pequena Sony cyber-shot (dsc-p100)
com controles de velocidade, ISO, distância, duas opções de obturador e algumas
seleções de cenas. Lembro-me que tive a alegria de fazer boas fotos com a mesma. Não
lembro-me de fotografar saltitando em meio a casamentos,
batizados e outras celebrações. Mas, por meio da cotidiana observação do dia.
Uma praça, uma criança, o pôr do sol, uma conversa descontraída acabava por
render boas fotos. Um bom fotógrafo nunca corre para realizar seu serviço,
fotografia é arte por isso é necessário paciência.
Não pense que
aquele flagra fotográfico vai nascer a partir dos números de cliques dados,
mas, da sua capacidade de enxergar o que clicar. A fotografia nasce em nossos
olhos e não na qualidade da máquina ou número pixels. Por isso, as velhas e
pré-históricas máquinas Kodak analógica produziam boas imagens. Acostume os
olhos com objetos fixos e aos poucos avance para aqueles em movimentos e
obstáculos.
Saiba terás
sempre alguém a sua frente no desejo de uma boa imagem. O beijo da noiva não se
repete, a mão que assina o contrato estará sempre em um ângulo desproporcional. Acostumem-se com os obstáculos evite empurrar as pessoas ao seu lado, você não é o
fotógrafo ofícial do evento. Acaso o seja, é necessário estudar o local antes. Pois, os
paparazis da ultima hora sempre chegarão para te atrapalhar.
Um detalhe aos
fotógrafos desavisados as máquinas digitais são dotadas de um sistema de
contagem de fotos, ou seja, a cada clique a sua máquina tem uma foto a menos.
Explico, o sistema interno da máquina irá fotografar x fotos sem problema,
depois disso haverá um desgaste do
aparelho, que resulta em uma qualidade menor das imagens. Por isso pense duas
vezes em sair disparando loucamente pelo mundo.
Por fim, curta
os momentos ao qual será convidado. Saboreie a música, delicie-se com as
pessoas presentes, contemple as cerimônias. Não perca a oportunidade de ver e
ouvir detalhes que poucos irão notar. Saiba que grandes momentos da história da
humanidade foram perpetuados pela intensidade de suas vivências, não por que
foram fotografados e muito menos escritos. Por exemplo: os eventos da Sagrada
Escritura foram vividos e narrados oralmente por seus protagonistas e
coadjuvantes. Depois estes fizeram
questão de contar com a mais profunda riqueza de detalhes. Istó é, retransmitindo de modo oral . Tempos posteriores a
tecnologias e necessidades permitiu-nos escrevê-los e por fim retratá-los.
Contados por meio da imagem.
Não se torne
aquela pessoa que tanto desejou ver pessoalmente o seu ídolo do cinema. E ao
realizar o seu desejo, preocupou-se tanto com
fotografia a ser tirada que não
notou o seu déficit capilar.
Ennis Aráujo
Ennis Aráujo
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